Feche os olhos e pense nos últimos cinco filmes ou seriados que você assistiu. Agora olhe para os eletrônicos à sua volta e compare: quantos deles estão em inglês e quantos deles estão em alemão?
Pois é: o inglês é uma língua mais presente – e não necessariamente mais simples.
Inglês é o novo latim
Assim como o latim no Império Romano, o inglês hoje é a língua comum usada por pessoas nos mais diferentes cantos culturais.
O inglês já não é mais uma única língua. Ou melhor, é uma língua, mas com muitas caras diferentes. As diferenças vão muito além daquela divisão clássica entre inglês americano e inglês britânico.
Curiosamente, os Estados Unidos são a única ex-colônia britânica com direito a um rótulo linguístico próprio. Ou alguém aí já viu um dicionário de inglês australiano ou jamaicano? Estranho, não?
O inglês falado entre indianos difere bastante do inglês corrente na Irlanda. Por sua vez, esse é diferente do inglês aprendido por orientais – o chamado Engrish. Quem nunca riu com uma pérola dessas, que atire a primeira pedra.
O chamado BSE – bad simple english – escoa pelo mundo como água: por onde houver espaço, ele passará. Softwares distribuídos pelo mundo já dispõem duas possibilidades de idiomas de instalação: English e Simple English [ou também International English]
Que o inglês é uma língua internacional, isso todo mundo sabe.
A pergunta é: esse inglês “de todo mundo” pode ser considerado como o mesmo inglês falado por britânicos e norte-americanos?
Provavelmente não.
Clube de Conversação Germanofonia
Supere a timidez e as lacunas de gramática e veja sua voz se soltando em alemão com mais naturalidade e menos gaguejadas!
A culpa é da gramática?
Dizem por aí que o inglês conseguiu prevalecer como “língua geral” do mundo atual por ter uma estrutura gramatical mais simples. É essa a impressão que fica quando olhamos por cima aquelas tabelas e esquemas apresentados em livros didáticos.
Mas será que a gramática do inglês é de fato mais simples? Continuaríamos com essa opinião se observássemos os detalhes – aqueles que não percebemos nem mesmo na nossa própria língua?
Ou será que fazemos vista grossa para eles? Quando um idioma se difunde – como aconteceu com o inglês – essas simplificações são inevitáveis.
Além disso, ainda precisamos relembrar aquela outra questão, mais profunda e mais polêmica: o que queremos dizer quando falamos que uma gramática é simples ou complexa?
É muito cômodo colocar nas costas da gramática toda a responsabilidade pelo “sucesso de audiência” de uma língua. Mas apenas a simplicidade gramatical é suficiente para dfundir um idioma? Ou será que não há também um empurrãozinho do prestígio econômico e cultural dos países que adotam essa língua?
Indústria cultural
Com o fim da Guerra Fria e da polarização geopolítica, os Estados Unidos saem como vencedores tanto no aspecto econômico quanto na indústria cultural.
Essa influência norte-americana marcou muito especialmente no Brasil. Cinema, música, televisão: nossos gostos e nossa cultura de consumo se orientam para os padrões norte-americanos.
Por outro lado, o poder de influência de outras culturas foi reduzido proporcionalmente – como aconteceu com a queda do prestígio do francês, por exemplo. No caso do alemão, a situação foi bem mais grave, já que a língua chegou a ser proibida por aqui.
É claro que isso tudo está ligado à hegemonia americana. É bem simples ver as consequências disso. Faça um teste rápido e responda sem pensar muito:
Quantas bandas/músicas que em inglês você conhece? Quantos filmes em inglês você conhece?
Quantos seriados em inglês você conhece?
Agora faça o teste inverso:
Quantas bandas/músicas em alemão você conhece? Quantos filmes em alemão você conhece? Quantos seriados em alemão você conhece?
Não é curioso que bandas de países que não falam inglês cantem … em inglês?
A situação inversa parece menos comum:
Quantas bandas americanas/britânicas cantam em outras línguas que não o inglês?
Não precisa fazer muito esforço para perceber a diferença entre os números.
Se houvesse a mesma quantidade de produtos culturais em alemão como em inglês, teríamos mais recursos, mais acesso e mais familiaridade.
O fato é que crescemos com botões de play e stop no controle remoto. Para corrigir um erro de digitação, apertamos delete.
A impressão que temos de que inglês é “mais fácil” do que alemão vem muito dessa abundância de recursos em inglês.
Provavelmente, não acharíamos o alemão tão difícil se tivéssemos botões de abspielen e aufhören no controle remoto ou a tecla entfernen acima do Enter – que aliás se chamaria Eingabe.
No fundo, não se trata tanto da complexidade da língua, mas sim do grau de contato que temos com ela.
Para concluir
O inglês é muito mais presente no Brasil do que o alemão. Isso é fato. Mas também é verdade que o inglês é muito mais presente no mundo inteiro.
E isso não acontece só por causa de questões de gramática. Aliás, a gramática é apenas uma das inúmeras peças desse jogo.
Como de costume, é bom se perguntar: continuaríamos achando alemão mais difícil do que inglês se…
- … os Estados Unidos tivessem perdido a Guerra Fria?
- … a Internet fosse criada e difundida por alemães?
- … Hollywood ficasse na Alemanha?
- … todos os filmes, seriados e músicas legais não fossem em inglês?
Pense em todos esses pontos da próxima vez que você conhecer uma banda diferente, baixar alugar aquele seriado legal ou acompanhar o lançamento de um novo gadget [e porque não um novo Gerät]. Se tudo isso fosse em alemão, com certeza a situação hoje seria bem diferente e não teríamos essa falsa impressão de que o inglês é uma língua fácil.
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